domingo, 1 de setembro de 2013

A Mulher Selvagem

No filme Palácio das Ilusões (Mansfield Park) vemos a beleza da natureza selvagem em ação.

Fanny é uma mulher que vive com a família rica de sua tia. Sua mãe a enviou para o palácio da tia quando ainda era uma criança, pois não tinha recursos financeiros para sustentar tantos filhos. Quando Fanny chegou ao palácio, soube que não estava só de passagem, que ficaria; ela ouviu que não era uma "igual" mas que os outros não deveriam desprezá-la. Edmund, um dos garotos que também morava no palácio, foi seu amigo desde o começo e a acolheu em seu sofrimento ainda quando criança.

O filme se passa por volta de 1836, época em que os casamentos eram arranjados. Um homem rico e nobre pediu a mão de Fanny em casamento para seu tio, só que Fanny disse para o tio que não se casaria com este homem. Quando o tio lhe perguntou o porquê ela disse que era porque não confiava nele.

Esta atitude foi considerada como um insulto para o tio que disse que se ela se recusasse a se casar com o nobre homem, seria enviada de volta para sua mãe. E assim aconteceu. Ela deixou o palácio e foi de volta para a casa da mãe.

Fanny é uma Mulher Selvagem, que conhece o mundo subterrâneo e tem seus instintos aguçados; ela ouve e confia na sua voz interior. Como na história da donzela sem mãos do livro "Mulheres que Correm com os Lobos":

"Ela é uma heroína-guerreira que por algum tempo ficou por baixo de uma aparência frágil. Ela tem a resistência do lobo solitário. Ela é capaz de suportar a sujeira, a imundície, a traição, a mágoa, a solidão e o exílio. Ela é capaz de vaguear pelo mundo dos mortos e voltar, enriquecida ao mundo objetivo"

Fanny ouviu sua intuição, não vendeu sua alegria e sonhos por nobreza, dinheiro ou segurança. Não confiava no homem e não se casou, mesmo ele mostrando-se um cavalheiro, fazendo galanteios e tentando incansavelmente conquistá-la.

Por um momento ela pensou em ceder, mas na manhã seguinte decidiu continuar seguindo seu coração que dizia que o homem não era confiável.

Quando estamos com nossos instintos aguçados, podemos ver o predador da nossa alma, podemos ver aquilo que não nos trará felicidade, aquilo que nos tornará prisioneiras em uma terra sem brilho, sem água e sem alegria e, então, dizemos Não, mesmo tendo que enfrentar as adversidades que virão.

Este nobre homem acaba provando seu verdadeiro caráter, mostrando que não era aquilo que mostrava ser quando tentava conquistar Fanny.

Diferentemente da irmã na história do Barba Azul, também do livro "Mulheres que Correm com os Lobos", Fanny reconheceu o predador e não se deixou seduzir por ele. Ela tem a chave do conhecimento; chave que carrega no peito.
 
É essa Mulher Selvagem que nos protege e, mesmo que enfrentemos adversidades e sintamos dor, tal dor não se compara à tristeza de se ter o fogo da nossa alma apagado, levando embora nossa criatividade, intuição, alegria e brilho.

Fanny escolheu seguir sua voz interior e estar com alguém que a fazia feliz, que a respeitava em sua integridade, que lhe apoiava em seus planos.

Embora trate-se de um filme, essa não é uma história que tem que ser fictícia. Ela pode ser a história de cada uma de nós mulheres.

Como está a sua Mulher Selvagem?

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