Quando amar significa sofrer, estamos amando demais. Quando grande parte de nossa conversa com amigas íntimas é sobre ele, os problemas, os pensamentos, os sentimentos dele - e aproximadamente todas as nossas frases se iniciam com "ele....", estamos amando demais.
Quando desculpamos sua melancolia, o mau humor, indiferença ou desprezo como problemas devido a uma infância infeliz, e quando tentamos nos tornar sua terapeuta, estamos amando demais.
Quando lemos um livro de autoajuda e sublinhamos todas as passagens que pensamos que irão ajudá-lo, estamos amando demais.
Quando não gostamos de muitas de suas características, valores e comportamentos básicos, mas toleramos pacientemente, achando que, se ao menos formos atraentes e amáveis o bastante, ele irá se modificar por nós, estamos amando demais.
Quando o relacionamento coloca em risco nosso bem-estar emocional, e talvez até nossa saúde e segurança física, estamos definitivamente amando demais.
Apesar de toda dor e insatisfação, amar demais é uma experiência tão comum para muitas mulheres, que quase acreditamos que é assim que os relacionamentos íntimos devem ser. A maioria de nós amou demais ao menos uma vez, e, para muitas, está sendo um tema repetido na vida.
Neste livro, analisaremos a fundo as razões por que tantas mulheres, procurando alguém para amá-las, parecem encontrar inevitavelmente parceiros doentios e não afetuosos. Devemos ver o motivo, já que o relacionamento não satisfaz nossas necessidades, mas temos tanta dificuldade em acabar com ele. Veremos que amar se torna amar demais quando nosso parceiro é inadequado, desatencioso ou inacessível e, mesmo assim, não conseguimos abandoná-lo - de fato, nós o queremos, precisamos dele ainda mais. Passaremos a compreender como o fato de querermos amar, de ansiarmos por amor ou de amar em si torna-se um vício.
O trecho acima foi retirado, na íntegra, do livro Mulheres que Amam Demais de Robin Norwoood.
Como cada pessoa experimenta e encara o amor é uma experiência subjetiva, pois aprendemos a amar com base em vários fatores.
Freud dizia que a menina aprende a amar com a mãe e o menino com o pai. Muitos pais dizem que amam seus filhos, mas estão ausentes; na verdade, para eles, é assim que sabem amar. Dizem, por exemplo, que precisam trabalhar e, por isso, não estão presentes. Outros dizem que se são duros em suas correções, se batem nos filhos é porque os amam e eles precisam aprender. Outros abandonam e dizem que o fizeram por amor. Enfim, o amor é aprendido através das nossas experiências mais remotas.
Muitas mulheres aceitam a grosseria, a ausência, a violência de seus parceiros, porque foram criados desta forma; aprenderam esta forma de vínculo, esta foram de "amor".
Muitos acharão difícil definir o amor, já que toda realidade é subjetiva, ou seja, a pessoa percebe o que é real para ela; ela sente e se vincula da forma que aprendeu e este é um processo individual. O amor é vivido por cada um de acordo com a aprendizagem que tivemos dele.
Penso que quando tivemos relacionamentos não saudáveis na infância é importante que olhemos para isto e busquemos resignificar o que aprendemos sobre o amor.
Ouvi da minha terapeuta certa vez que é importante estarmos ao lado de pessoas que nos façam bem.
Paulo Coelho disse que: Amor é alegria. Não tente se convencer que sofrimento faz parte.
Li de um autor desconhecido que: Uma vida com amor terá alguns espinhos, mas uma vida sem amor não terá rosas.
Claro que não é fácil amar, conviver, relacionar-se com o outro. A dinâmica de um casal é algo extremamente complexo e difícil. Nos modificamos a cada dia e o outro faz parte deste processo de individuação. Mas é importante estarmos em um relacionamento que nos faça bem, com alguém que sejamos felizes.
No livro Uma Clínica Específica com Casais, a autora Isabel Cristina Gomes diz : "O conflito entre um casal é algo saudável, mas seu potencial para crescimento depende da capacidade desse casal de regular os conflitos relativos a seus mundos internos: o individual e o compartilhado. E que a tensão que nasce do conflito proporciona igual oportunidade para potenciais criativos e destrutivos".
Um relacionamento entre um casal é um oportunidade de crescimento ou de destruição. Por isso, é importante que nos amemos enquanto mulheres, que nos respeitemos, que busquemos ter consciência das nossas sombras e dos nossos potenciais, para que usemos isso a nosso favor e aprendamos uma forma de amar saudável, que nos traga alegria!
Termino com uma frase do Osho: "Nunca espere que o outro deva mudar. Em todo relacionamento comece a mudança do seu lado".